terça-feira, 7 de outubro de 2014

Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.

Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.

(Edgar Allan Poe)

Para relembrar o mestre que nesta mesma data partiu há 165 anos o autor, poeta, crítico literário e editor que fez parte do Movimento Romântico Americano, imortalizado por suas histórias de mistério, terror, do gótico e macabro: Edgar Allan Poe. "And my soul from out that shadow that lies floating on the floor... Shall be lifted - Nevermore!

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