sábado, 4 de maio de 2013

Soneto 21

Não sou como aquela Musa,
Movida ao seu verso pelo adorno,
Que o próprio céu usa como ornamento,
E o belo com seu alento se insinua,
Par a par, comparando-se, orgulhoso,
Ao sol e à lua, às ricas joias da terra e do mar,
Com as primeiras flores de abril, e tudo o que é raro
Que os céus abarcam sob a abóbada imensa.
Ah, deixa-me ser fiel ao amor e à escrita,
E então, creia, meu amor é tão puro
Como de uma criança, embora menos luzidio
Que as fixas flamas douradas no manto celestial.
Deixa que digam mais do que tão bem ouvem;
Não louvarei senão o que eu puder defender.

(William Shakespeare)

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