sábado, 13 de abril de 2013

Die Zauberflöte

Em 30 de setembro de 1791, num teatro do subúrbio de Viena, uma ovação triunfal acolhe A Flauta Mágica (Die Zauberflöte), uma ópera plena de fantasia e no idioma alemão, acessível ao público popular.

Contudo, o compositor, Wolfgang Amadeus Mozart, não teve tempo de saborear o sucesso. Doente, extremamente debilitado, morre em seu leito dois meses mais tarde, aos 35 anos.

Repetidas vezes, Mozart compusera obras em língua alemã, que nunca tiveram maior destaque. Algumas delas, inspiradas na mitologia, pareceram fracas e convencionais, outras mais destacadas, como “O Rapto do Serralho” (1782), se apoiavam unicamente sobre a fibra cômica.

Durante o grande período de criação de óperas que iam deIdomeneu (1781), Rei de Creta (1781) a Cosi fan tutte (1790), Mozart se apoia quase que somente em libretos italianos, notadamente aqueles de Lorenzo Da Ponte, compondo partituras dentro do espírito das obras italianas que gozavam, então, de ampla predileção do público.

Gênio combativo, ele resolveu enfrentar o gosto popular. Transmitiu seu desejo de mudar de gênero musical a um diretor de grupo teatral, Emmanuel Schikaneder, com quem estava ligado por forte amizade. O diretor, que se apresentava em cenas da periferia de Viena, lhe pede então a composição de uma ópera em alemão. Mozart se mostra imediatamente sensível à ideia.

Com A Flauta Mágica, ópera em alemão que alterna palavras e música, é quebrada por fim a concha em que se encerrava o mundo italianista dos salões vienenses e das cortes reais.

Ela se abre a outras fontes de inspiração de essência germânica como a produção de Carl Maria von Weber, trinta anos mais tarde.

Em A Flauta Mágica, ópera carregada de fantasia e mistério, o príncipe Tamino, o caçador de pássaros Papageno e a Rainha da Noite disputam as preferências do público numa encenação repleta de efeitos especiais.

O libreto desta obra feérica, redigido por Schikaneder, está cheio de alusões à franco-maçonaria, uma ordem de iniciação maçônica nascida algumas décadas antes na Inglaterra e à qual pertenciam Mozart e seu libretista.

A Flauta Mágica é um verdadeiro percurso iniciático, como se pode observar ao se ingressar nessa ordem. Há cenas em que se assiste aos padres reunidos como numa loja maçônica.

Valendo-se do concurso de Schikaneder, autor do libreto, e de um outro maçom conhecido pelo nome de Gieseke, Mozart fez alternar cenas cômicas e cenas sérias, o que confere a sua obra um clima mágico e prazeroso que incorpora também um conteúdo filosófico.

A música de A Flauta Mágica brilha por sua inventividade e ressoa diretamente no espírito dos ouvintes. Excertos vertiginosos, como aquele da Rainha da Noite, terror dos sopranos que devem entrar de pronto numa ária que termina por uma série de vocalises, são sucedidos por passagens narrativas como a ária do caçador de pássaros Papageno, e de cantigas “uma mulher, apenas uma menina”.

Marchas solenes, estrondo de trovões, mas também duetos com repetição de palavras e ainda de instrumentos inesperados como a charamela ou o carrilhão juntam-se à diversidade do conjunto. Não há lugar a enfado no curso daquelas duas horas e tanto de divertimento musical e de espetáculo cênico.

Quando de sua criação, os artistas, ainda que não estivessem entre os mais renomados à época, compenetraram-se de seu papel com paixão, o que assegurou à representação de estreia imenso sucesso. Mozart, ele próprio regendo a orquestra, sentiu-se amplamente reconfortado.

A Flauta Mágica seria levada à cena mais de 100 vezes no ano que se seguiu. Infelizmente, seu genial compositor não teve tempo de desfrutar do enorme êxito da peça visto que faleceu em 5 de dezembro de1791, pouco tempo depois da primeira apresentação, quando concluía o Requiem, sua derradeira obra-prima.

O público moderno pôde assistir à A Flauta Mágica, belamente filmada pelo cineasta sueco Ingmar Bergman, e a vida de seu autor, romanceada por Milos Forman, no premiadíssimo filme Amadeus.

Lindíssima obra criada por Mozart, principalmente algumas de suas árias, que tornaram-se muito conhecidas, como o dueto de Papageno e Papagena, e as duas árias da Rainha da Noite.

Link: Ópera Mundi

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