sexta-feira, 14 de setembro de 2012

À Você

Beijar o nácar, que te ascende os lábios,
Seria para mim prazer divino;

mas eu desprezo os risos da fortuna,

que podem profanar o meu destino.


Feliz de mim se repousasse um pouco,

sobre o teu níveo seio que palpita:

mas fere a maldição os meus desejos,

a paz voara e te deixara aflita.


Em silêncio nasceu, cresce em silêncio,

este amor infinito, único, eterno.

Irei agora, abrindo-te minha alma,

Exilar-te do céu, abrir-te o inferno?


Não, oh meu anjo, além escuto o eco

da maldição da nossa sociedade;

ouvi-lo, sem corar, não poderias,

expire pois a nossa felicidade.


Que importa o fogo que em meu peito lavra,

que importa a febre que me roí a vida,

se a tua correrá serena e pura,

de prazeres somente entretecida?


Roubar teu coração à paz dos anjos,

e nele despargir os meus amores,

oh! Fora um crime, um sacrilégio horrível;

para puni-lo não houveram dores.


E, pois, para livrar-te ao precipício,

Adeus, meu anjo, fugitivo corro:

rocem embora os teus, os lábios de outrem,

será breve o penar, porque já morro.


Sim, agonizarei talvez bem pouco,

Porque meus dias estão pedindo graça,

oh! Para possuir-te, afrontaria

infâmias, porém não tua desgraça.


Ao menos ficarás de um crime isenta,

O porvir para ti será de flores;

Que importa que minha alma se torture,

Se tu não sofrerás por meus amores?


(Lord Byron)

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